Nós costumamos ter muitos desejos. Se nós temos um apartamento de 40 metros, desejamos uma casa de 100 metros. Se nós temos um carro de 10 anos de uso, desejamos um mais novo. Se nós comemos bife de patinho, desejamos comer picanha. As crianças não são diferentes. As meninas ganham uma boneca e ficam felizes até descobrirem que existe uma melhor, com mais detalhes ou que façam mais coisas. Os meninos ganham carrinhos e ficam satisfeitos até ouvirem falar dos novos lançamentos. Mas quanto será suficiente?

Uma vez, Jesus falando sobre isso, disse para ficarmos contentes tendo o que comer e o que vestir. Contentamento é satisfazer-se com o simples. Esse é o segredo da tranquilidade. A falta dele leva à ansiedade, a reclamações, a conflitos. O contente alegra-se em ter o que tem. O ansioso só pensa no que já teve ou poderá ter. O contente agradece o que tem e alegra-se. O murmurador só percebe o que falta e está sempre triste. Os contentes alegram-se com a simplicidade e curtem uns aos outros. Os briguentos veem sempre um motivo para não estar satisfeitos com seus relacionamentos. 

Jesus nos disse para não colocarmos o coração nas coisas que são passageiras, mas ajuntarmos tesouros no céu onde não existe corrupção. O que se leva para o céu? Pessoas! Ajuntar tesouros no céu é investir a vida em pessoas, não em coisas. A pandemia do coronavírus pressionou as pessoas de uma mesma família a ficar mais tempo em casa. As famílias que já tinham o contentamento como um de seus valores aproveitaram bem esse tempo. Aquelas que viviam descontentes, com certeza, sofreram mais. As famílias que gostavam mais de pessoas que coisas lamentaram a distância dos parentes e amigos e deram um jeitinho para cultivarem a amizade, usando os recursos disponíveis. Os que já não priorizavam pessoas, ficaram ainda mais solitários e não sei o quanto conseguirão recuperar antigas amizades. 

Pensando no que realmente importa, reconhecemos o quanto é suficiente. Ter um pão para repartir entre amigos é motivo de contentamento porque temos os amigos ainda que apenas um pão. Ter um computador para ver os amigos distantes pela tela é motivo de contentamento quando temos o desejo de continuar nos vendo. Poder nos encontrar novamente de forma presencial é um sonho grandioso para os contentes. Quem diria que estar com amigos se tornaria algo tão grande assim?

A paixão por coisas esfria o amor entre as pessoas. O desejo desenfreado por ter e ter cada vez mais e melhor, nos priva de curtir os tesouros contidos nas mentes e corações dos que estão em nossa volta. Pessoas, poderemos tê-las depois daqui, no céu, com Jesus; coisas, não. Essa vontade de mais deve ser canalizada para o que realmente é infinito. A sede de satisfação de nossa alma não pode ser suprida por coisas. Ainda que nosso descontentamento pareça ser sobre falta de coisas, é por falta de Jesus. Conhecer Jesus e se relacionar com Ele é o caminho do contentamento profundo. Enquanto buscamos mais d’Ele, nossa alma é saciada por Ele. Vamos a Ele? Enquanto isso, façamos uma avaliação sobre o que desejamos e o que realmente necessitamos. Vamos nos alegrar com o que temos para comer e vestir. Vamos dedicar mais tempo ao nosso Deus e às pessoas que Ele nos dá o privilégio de ter por perto. Em relação a coisas, estejamos contentes com o que temos em cada dia. Em relação a Jesus, estejamos sempre desejosos por mais dele.

 

Grande abraço,

Tony Felicio