Quando iniciamos nosso ano, com tantas incertezas, dúvidas e medos, não sabíamos como nossas crianças voltariam emocionalmente para a sala de aula.
O acolhimento na entrada da escola foi essencial!
Recebemos nossas crianças, sempre com um sorriso, uma brincadeira, um elogio. Acreditamos que um olhar sensível ao outro pode transformar e edificar, principalmente uma criança, que muitas vezes aguarda uma palavra, um reconhecimento, uma afirmação.
Um cabelo arrumado chegando na escola, causou algo tão gostoso em nós, que nos produzimos no dia seguinte igual a aluna, para que ela pudesse se sentir acolhida, pertencente a este lugar. A reação não poderia ter sido melhor, contagiamos a família e outras alunas também.
O dia a dia escolar tem sido emocionalmente difícil. Não podemos nos abraçar, falar ao pé do ouvido, não podemos compartilhar lanche, sentar no chão para contar histórias nem pertinho do amigo, não podemos brincar de brincadeiras com contato físico.
As primeiras semanas foram de privações e cuidados. Notamos que as crianças estavam um pouco perdidas, pois não havia brincadeiras seguras, em que houvesse interação e distanciamento social ao mesmo tempo.
Então, relembramos uma das brincadeiras mais antigas: “pular corda”. Conseguimos trazer de volta o encanto das cantigas para pular corda, contagiamos até funcionários da escola, que esperavam o horário do intervalo para se divertirem também.
No início, apenas os maiores brincavam. Era muito divertido, pois meninos e meninas se organizavam nos “quadrados” pintados no chão, com o distanciamento permitido, para brincarem. Devagar, os menores, ainda com vergonha e acanhados, foram se achegando.
E que felicidade, ao ver os pequenos romperem barreiras da insegurança, do medo, da vergonha. Crianças muito tímidas e que não conseguiam pular mais que uma vez, foram desafiadas por si próprias a se superarem. E quando elas conseguiam alcançar o seu objetivo, era incrível!
As lágrimas da professora, que estava batendo a corda, tinham que ser seguradas, enquanto o sorriso daquela criança era visível mesmo através da máscara.
Pequenos gestos podem causar grandes transformações!
O mundo poderia ser como uma criança, cheio de alegria, puro, como a simples vontade de querer dançar ou pular corda.