Por Tony Felicio
Liberdade é um bem inegociável. Já nascemos com uma vontade enorme de fazer o que desejamos. Qualquer impedimento à nossa vontade é respondido com um intenso choro ou até gritos. À medida que crescemos, vamos percebendo que nossas vontades nem sempre podem ser atendidas, mas trabalhamos intensamente para que o maior número delas ainda prevaleça. É da nossa natureza o anseio por ser livre para fazer tudo o que queremos.
A liberdade está intimamente relacionada ao nosso direito de escolha. É esse direito que usufruímos quando somos livres. Quem não consegue escolher corretamente não será livre por muito tempo. Muitos adolescentes têm uma forte reivindicação de liberdade. Normalmente no sentido de eles serem liberados para fazerem tudo o que querem. Em uma de minhas aulas perguntei aos meus alunos: Vocês já pensaram o que aconteceria se pudessem fazer tudo o que passa pela sua mente? A maioria reagiu com espanto e afirmou: “Melhor não”! Se nossa vontade fosse sempre boa, poderíamos fazer. Muitas vezes, entretanto, é uma vontade muito ruim porque é má, ou porque traz vantagem apenas para nós mesmos.
A liberdade também está relacionada à identidade. Quando somos livres, podemos ser quem somos. Quando alguém é aprisionado fisica, espiritual ou ideologicamente, torna-se resultado de seu encarceramento. Assim, é privado de ser quem realmente deveria ser. Um jovem que usou de sua liberdade para usar drogas, por exemplo, tem sua mente controlada pelo vicio, logo, não se desenvolverá normalmente. Ele poderia ser um homem de paz, um professor ou um médico, mas a droga se tornou seu maior desejo e, por isso, o aprisionou a ser apenas mais um viciado. A questão importante sobre esse tema passa a ser o que controla nossa vontade, pois também controla nossa liberdade e determina nossa identidade.
Leon Tolstói, renomado escritor russo do século XIX, afirmou: “Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência.” Jesus Cristo, o homem mais importante de todos os tempos, afirmou: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. A verdade deveria ser a única fonte de nossa vontade. A verdade sobre nós e sobre tudo o mais, está contida em quem Jesus é e no que Ele diz. Nascemos numa condição de egocentrismo e de pecado. Somos incapazes de sozinhos preferir o que é realmente correto e que faz apenas bem a nós e aos outros. A vontade de Deus, expressa na vida de Jesus, é boa, perfeita e agradável. Deus nos ama e deseja que vivamos a liberdade de sempre podermos escolher o que realmente é bom e coerente com a identidade que Ele planejou para cada um de nós.
O problema é que insistimos em supervalorizar nosso ego, nossa própria vontade. Confiamos demais no que sentimos e pensamos. Ignoramos as muitas influências que recebemos, que formaram nossa visão de mundo e influenciam nossa vontade. Em nome de uma suposta liberdade individual, fazemos escolhas que nos aprisionam. Achamos que somos livres porque não enxergamos as grades que nos prendem. Pensamos que podemos ir para qualquer lugar porque desconhecemos para onde realmente deveríamos ir. Dizemos que seguimos nosso coração, mas ignoramos o quanto ele é enganoso. É nesse ambiente que nossas crianças crescem e nossos jovens se tornam adultos desfigurados. Chegamos ao absurdo de colocar dúvida sobre o aspecto mais primário da identidade: ser homem ou mulher. Que saudade do tempo em que os médicos, ao olharem os bebês via ultrassom, diziam sem qualquer constrangimento: “É menino!” ou “É menina!”, e isso era suficiente. A ideia hedonista do “Faça o que te faz se sentir bem”, tem mutilado a nova geração. As melhores escolhas nem sempre são prazerosas. As riquezas mais valiosas são as que nos custam, não as que apenas encontramos.
A solução está em ensinarmos nossos filhos a conhecerem e amarem a Deus, o único Deus verdadeiro revelado por Seu Filho Jesus Cristo. O Criador sabe para que criou cada ser humano. Ele é o autor da vida e o inventor da liberdade. Ele foi o primeiro a colocar mais de uma opção para o homem, ainda que o tivesse instruído a escolher o que era bom, justo e verdadeiro. Deus nunca quis robôs, sempre desejou filhos, mas filhos que usassem sua liberdade para andar com Ele. Ele fez isso como um pai que deseja sempre o melhor para seus filhos. Às vezes me pergunto se não seria mais fácil Deus ter criado o homem sem o direito de escolha. Aí encontro pensamentos, até mesmo fora do ambiente cristão, que me ajudam na minha indagação. John Lennon disse: “Amo a liberdade, por isso, deixo as coisas que amo livres. Se elas voltarem é porque as conquistei. Se não voltarem, é porque nunca as possuí.”
A verdadeira liberdade é a permanente possibilidade de fazer a vontade de Deus. Ele criou o homem para viver desse jeito, como filho que sempre escolhe pertencer ao Pai. Mas para que o homem tem usado sua liberdade? Deus tem visto a humanidade escolher o pecado e morrer por causa de sua escolha errada. Ele veio em Cristo e morreu para conquistar o homem de volta. Deus está insistindo, Ele tem o direito de destruir tudo que está repleto da maldade humana, mas Ele escolhe ser paciente até que muitos se arrependam e retornem para Ele. Se cada pessoa escolhesse viver de acordo com os maravilhosos pensamentos de Deus a seu respeito, descobriria sua verdadeira identidade. Por isso, o Pai trabalha para que o homem encontre, creia e seja transformado por seu libertador. Nas poderosas palavras de Jesus: “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”.
Para pensar em família:
- Como os conceitos de liberdade e identidade estão relacionados?
- Como os membros de nossa casa têm usado sua liberdade de escolha?
- Existe alguma coisa ameaçando a liberdade de algum membro da família?
- Tem alguma atitude que parece liberdade, mas na verdade é um desrespeito a algo que é certo?
- Comente a frase: “A verdadeira liberdade é a permanente possibilidade de fazer a vontade de Deus”.
- Na prática, como Jesus interfere nas escolhas dos membros da nossa casa?
- Em nossa casa, temos ajudado uns aos outros a ser o que realmente foram criados para ser? Como?
Para os pais fazerem aos filhos:
- Quando você se sente livre?
- Quais as responsabilidades relacionadas à sua liberdade?
- Quais sentimentos você percebe quando está usando sua liberdade ou quando está sendo verdadeiro?